Publicado em 26 de dezembro de 2022.
“Não teria condições de administrar meu município sabendo que, na Presidência, está um homem condenado por improbidade administrativa e que chefiou o maior esquema de corrupção que se tem notícia no mundo”.
Com esse posicionamento, a prefeita de Carlinda (762 km ao Norte de Cuiabá), Carmen Martins (União) confirmou que renunciará ao cargo em 2 de janeiro de 2023,por não concordar com a eleição de Lula da Silva (PT) para presidente da República, em razão das condenações sofridas por ele.
“Não tenho nada contra o resultado das urnas, somente contra o eleito”, acrescentou, observando que, em caso de eventual condenação de Bolsonaro por crime do colarinho branco, ela deixará de segui-lo. “Pois não tenho político de estimação”, resume.
Carmen elaborou um roteiro para deixar a prefeitura.
Em novembro, assinou uma carta-renúncia, como se fosse um cheque pré-datado.
No dia 10 de dezembro, repassou o duodécimo de R$ 124 mil para a Câmara Municipal, engordado com R$ 18 mil, para viabilizar a compra de um carro para os vereadores.
No dia 20, quitou o décimo-terceiro salário do funcionalismo e fez reserva de caixa para pagar o mês de dezembro, no próximo dia 23.
A folha de pagamento da prefeitura gira em torno de R$ 1,2 milhão.
O município tem cerca de 470 servidores, dos quais, 270 efetivos.
A estimativa orçamentária para 2023 é de R$ 60 milhões, o que corresponderá a R$ 5 milhões mensais, sem computar receitas extraorçamentárias com convênios e outras fontes.
Eleita prefeita pela primeira vez em 2016, pelo Democratas, reelegeu-se em 2020 pelo mesmo partido, que se fundiu com o PSL, ganhando o nome de União Brasil.
Questionada se o fato de ser reeleita, com o segundo mandato na metade, não estaria por trás de sua decisão, o que poderia servir como bandeira para uma eventual disputa para deputada estadual, Carmen respondeu com um “não” seco.
E, em seguida, citou que, enquanto o Brasil foi governado por “um condenado”, ela jamais subirá em palanque.
“Com a serenidade que vou cumprir meu compromisso de renunciar, ficarei fora do processo eleitoral, pois sou mulher de palavra. E, nessa situação (com a posse de Lula), sinto até vergonha de ser brasileira”, comentou.
O ambiente na prefeitura de Carlinda é de despedida.
Fonte: Cenário MT.